UMA TELA DE BISSAU A PARIS
Nu Barreto
Foi novo da Guiné para Paris e nunca pensou que seria aí que se ia tornar um cidadão do mundo. Em plena pandemia, Nu Barreto fala sobre o percurso artístico e sobre a sua Guiné.
Mudou-se ainda jovem para Paris. Como foi a adaptação?
Foi uma viragem de 180 graus. Cheguei aqui com a Guiné no coração, com a perspectiva de vir concluir estudos em engenharia informática e regressar. O foco estava todo neste percurso que nada tinha a ver com a componente artística, embora o desenho sempre tenha estado presente.
Com a morte do meu irmão em 1987, também ele um desenhador, abandonei o desenho. Pouco depois de chegar a Paris redescobri-o na solidão dos meus dias. Era uma cidade grande e eu não conhecia ninguém. Apesar do tempo que passava entretido com o desenho, não percebi da importância que tinha na minha vida.
Como foi ir contra as expectativas da família?
Foi uma fase difícil com o meu tio. Para ele, eu tinha chegado para completar um percurso na engenharia. A arte era apenas uma ocupação, mas quando a motivação nos guia, somos cegos. Acabei por abandonar os estudos e comecei a construir o meu caminho. Saí de casa e tornei-me autónomo. Pouco depois de iniciar os meus estudos na fotografia, apareceu a oportunidade de trabalhar como assistente. Foi uma salvação para a minha subsistência já para não falar das oportunidades que me proporcionou de viajar.
Leia a entrevista na íntegra, na revista – Makeba Edição 1